01/04/2017

O Pai triste e a filha Obreira ingrata!

Textos parcialmente corrigidos a parti de 24/03/17

De verdade há relatos que eu choro ao ler -
Até onde isso vai parar ?
O Pai triste e a filha Ingrata
Semana passada tive uma conversa muito séria com meu pai que durante anos tinha uma magoa muito grande desde que eu entrei na igreja universal, e para mim sempre foi nítido que essa magoa era espiritual por eu estar fazendo a obra de Deus e ele não gostar.
Desde que eu entrei na IURD meu Pai aos poucos foi mudando o jeito de ser comigo, e depois de uns 2 anos não era mais aquele pai carinhoso que sempre foi, não me falava mais que eu era a princesa dele e tudo isso me matava por dentro e eu orava mais e mais, fazia mais campanhas pra ter aquele meu paizão de volta.
Eu cheguei a enviar vários emails pros Bispos Macedo, Clodomir, Romualdo e eles sempre respondiam que era pra eu permanecer firme na fé.

Depois de uns 3 anos na IURD a minha irmã que não frequenta lá teve uma filha, a minha sobrinha. Minha família mudou em prol dela, ela passou a ser o centro das atenções e meu pai fazia( e faz) por ela o que fazia por mim e aquilo seu eu perceber me rasgava por dentro e eu tinha( ainda tenho) uma magoa muito grande e até inveja dela.
Pra agravar ainda mais, minha sobrinha nasceu em dezembro então nos aniversários dela em buffet eu não podia ir pois sempre tinha que ir pra igreja e estava sempre no sacrifício da Fogueira Santa.
Pra mim, toda minha família era do diabo e só eu era certa até semana passada, foi quando eu tive uma crise nervosa e comecei a gritar dentro de casa e aí meu pai me trancou no quarto e por pouco não teve que me bater pra me controlar.
Depois de muita insistência e me segurar nos braços começamos a conversar e foi mais ou menos assim, vou resumir pra não escrever um livro.
Eu falei tudo o que estava no meu coração, chorando, explicando tudo. De como meu pai tinha mudado comigo, de como ele era ausente sendo que antes era o melhor Pai do mundo, que para ele parecia que eu nem era aquela filha de antes. Falei, falei e falei tudo o que me veio na cabeça até que eu cansei e perguntei se ele tinha algo a dizer.
Pacientemente como ele sempre foi, ele disse:

"Minha filha.
Eu amei você desde a notícia de que sua mãe estava grávida, e quando eu soube que seria uma menina eu ajoelhei e agradeci a Deus por um presente tão Divino que era ser Pai de uma Princesa.
Quando você nasceu eu pensei que fosse enfartar de tanto que meu coração ficou cheio de alegria e eu me segurava pra não sair gritando no hospital de felicidade. Você nasceu linda, charmosa, cheia de dengo como sempre foi até um tempo atrás.
O pai saia chorando pra trabalhar porquê queria ficar mais com você, fazia hora extra com o coração em pedaços por não poder participar tanto da sua crianção, deixando quase tudo a cargo da sua mãe. O pai passou até a comer menos afim de economizar, já não tomava a cerveja que sempre tomava no final do dia pois as fraldas, o leitinho, os brinquedinhos da minha princesa valiam muito mais do que alguns costumes.
Você foi crescendo e desde neném já se tornou a minha melhor amiga, aquela que não desgrudava do papai aos finais de semana, e sempre vinha me mostrar qualquer coisa primeiro, antes mesmo de mostrar pra sua mãe.
A cada férias nós pensávamos onde passear num lugar que tivesse o melhor pra você, e não para mim e sua mãe.
Daí chegou a adolescência e veio aquela certa rebeldia natural dos jovens, e eu tentando ter cuidado pra não ser muito rude com você, mas também não deixando a corda afrouxa muito pra você não se perder na vida.
Vimos algumas amigas suas começarem a beber desde cedo, a fumar e algumas até engravidar, e sempre te orientava a não ir por esses caminhos pois seriam perigosos e até irreversíveis. O pai parou até de fumar quando soube que sua mãe estava grávida, pois não queria que você respirasse um ar contaminado e nascesse com alguma deficiência respiratória.
Você não faz ideia de como o pai passava mal com vontade de fumar e a falta de nicotina no organismo. Mas o meu amor por aquela princesa na barriga da mamãe me dava forças,
Até que um dia você foi convidada pela XXXXXXX a ir pra Igreja Universal. Eu já não gostava muito do jeito dela, e já tinha dito pra você que ela não era lá uma das suas amigas que eu mais gostava, e você mesmo confessava que sentia que ela tinha inveja da minha relação com você pelo fato dos pais dela terem se separado quando ela era muito criança, e o pai por ter problemas de alcoolismo ter perdido o contato.
Mesmo não gostando muito dela eu entendia os motivos que ela tinha pra ser daquele jeito, e me esforçava pra ser carinhoso com ela e dar um amparo dentro da nossa casa
Em pouco tempo que você começou a frequentar a Universal você foi mudando, não podia mais ter a companhia do Pai porque tinha que fazer sei lá o que na igreja. Suas notas começaram a cair e aí o Pai teve que tomar a frente, foi quando tivemos nossa primeira discussão feia e você me enfrentou dizendo que fazia a obra de Deus e que bem que o Bispo da igreja tinha dito que o mal ia se levantar.
Aquela sua declaração foi pior que uma punhalada no meu coração pois eu passava de super paizão a seu inimigo, segundo suas próprias palavras.
Eu me segurei para não chorar na sua frente e também para não meter a mão em você, pois se eu fizesse isso aí sim você ia dizer que eu estava sendo usado pelo mal.
Você foi deixando de ser aquela companheira da mamãe, aquela que secava louça do lado dela enquanto ela lavava, e que batiam altos papos, riam juntas, faziam planos, tinham sonhos.
A casa ficava triste sem a minha Princesa Alegre de sempre. Sem a nossa menininha.
Eu olhava para trás e começava a me questionar se tudo o que eu havia feito desde que você estava na barriga da mamãe tinha valido a pena. Sua mãe sempre me consolava mas não foram poucas as vezes que ela chorava escondida pois também sentia sua falta.
Quantas vezes eu não te levava na Universal porquê estava frio, estava chovendo, era tarde e eu não queria que minha princesinha pegasse chuva, tomasse frio, não fosse assaltada.
Eu chegava no horário combinado pra te buscar e ficava esperando um tempão porquê você nunca podia sair no horário, e suas amigas e seus amigos me olhavam com ar de deboche e chamavam você de " filhinha do papai" , e boa parte ali era nítido que tinham inveja de você por sermos uma família humilde, mas harmoniosa e estruturada.
Eu não conseguia entender, e até hoje não consigo, como uma menina esclarecida, com estudos, super comunicativa poderia regredir tanto nos estudos, na inteligência, e até mesmo no bom senso pois você chegou a um ponto de querer vender suas roupas para dar mais e mais dinheiro pra igreja.
Mas o dinheiro nunca foi seu... foi meu e da sua mãe, pro seu futuro.
Eu sempre vou te amar, mas já tem 7 anos que você entrou pra essa igreja e agora você é uma adulta, e eu tento entender e respeitar sua vontade, mas o Pai veio de uma família muito pobre, onde o vô e a vó ralaram muito pra que eu e seus tios tivéssemos uma vida um pouco melhor e nos ensinaram a fazer tudo por você e sua irmã, pra que vocês tivessem condições melhores do que eu e sua mãe, e é o sonho de todo pai e toda mãe que amam seus filhos; que eles tenham uma vida melhor do que a nossa.
Agora vejo sua irmã bem casada, ralando bastante, comprando o apartamento deles e mobiliando, e você estacionada no tempo porque nessa igreja parece que tanto faz se a pessoa ganha 2 mil, 5 mil, 10 mil por mês pois ela precisa dar tudo na igreja.
Você pode achar isso normal mas na cabeça do pai não é. E fui eu e sua mãe que ralamos muito pra te dar condições, e dói no nosso coração ver você desperdiçar tudo isso e dizer que faculdade é bobagem, que casa própria é bobagem.
Tudo pra você é o diabo. Eu não reconheço mais aquela filha linda e carinhosa que eu sempre tive, que aliás, sua irmã sempre morreu de ciume e dizia que você era a minha preferida por se parecer mais comigo na aparência e no jeito de ser.
Então, minha filha, a única coisa que posso fazer por você é pedir a Deus que te guarde e que te ajude a enxergar as coisas de outro jeito.
Só que o pai e a mãe estão envelhecendo e o pouco que nós poupamos em recursos durante todos esses anos de trabalho nós não iremos desperdiçar pra você dar na igreja não.
Se você quer continuar ganhando pouco no seu trabalho por falta de esforço que continue, se quer continuar usando roupas cada vez mais baratas por falta de dinheiro, continue.
É o espelho que vai te mostrar que os anos estão passando e que sua vida está andando para trás.
Se precisar do pai para dar um novo rumo pra sua vida eu estarei sempre aqui enquanto Deus permitir, mas você não tem o direito de querer que eu deixe de ser carinhoso com a minha netinha pois ela é um novo fôlego de vida que tenho, e ela me faz lembrar aquela doce menininha que você era até uns anos atrás."

A conversa teve muito mais do que isso e encerramos com muito choro, e ontem, dia 31 de março de 2017 eu entreguei o meu uniforme de obreira e foram 7 anos de vida atrasada.
Bispo Alfredo, Bispo Natan não parem de denunciar - Eu mesma já escrevi um monte pra vocês, defendendo a Universal, mas a verdade é que através de vocês eu tinha um conflito muito forte dentro de mim e odiava vocês, mas era porquê começava a despertar dentro de mim uma reflexão que na Universal eles não deixavam eu ter tempo de ter.
Agradeço a todos dessas páginas.
Agora vou tentar reconstruir tudo aquilo que perdi e hoje já combinei de ir no cinema com meu Pai, minha mãe e minha sobrinha pra assistirmos a Bela e a Fera.
To parecendo uma criança que vai pela primeira vez no cinema com a família.
Bom final de semana.

Fonte e link: Facebook